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14.9.07

Matéria

Foca Online - 17/11/2006

Polícia: Maus profissionais faziam a ronda nas periferias, por Josimara Silva*

*Josimara Silva é aluna do curso de Jornalismo da Universidade Cidade de São Paulo

Em entrevista com pessoas que residem em favelas da zona Leste da Cidade de São Paulo é notável a sensação de medo que elas apresentam quando falam da ação da polícia, "eles entram e atiraram, sem saber o que aquela pessoa já fez", afirma uma moradora que preferiu não se identificar.

O coronel Raugeston Benedito Bizzaria Dias, diretor de ensino da Polícia Militar de São Paulo fala da atuação dos policiais militares numa coletiva de imprensa realizada no sábado, 14 de outubro, à estudantes de Jornalismo.

Ele reconheceu falha na atuação da polícia e afirmou: "precisamos melhorar a prestação de serviço, a estrutura cultural" e confirma que sempre iam para as periferias os maus policiais (referindo-se àqueles que não seguem as regras do manual de direitos humanos e da PM) e que atualmente a Polícia Militar procura colocar outros policiais, porque "se o lugar já tem ausência de poder público, precisamos colocar bons policiais".

André Luiz, conhecido como rapper Pirata, membro do Fórum de Hip Hop e o Poder Público, afirma que a polícia está mais violenta após os ataques do PCC porque "eles ganharam mais liberdade para atuarem. As pessoas não são tratadas como cidadão, mas sim como lixo".

O rapper informa que a mídia não publica sobre os grupos de extermínio que há nas favelas, "para eles (PM) as pessoas que moram na favela são do crime. Perdemos o direito de ir e vir". André Luiz destaca ainda que quando realiza os fóruns para discutir que o hip hop não é cúmplice da violência, são convidados membros do poder público, mas nunca ninguém aparece nas reuniões.

De acordo com números do Ministério Público de São Paulo no primeiro semestre deste ano, a Polícia Militar matou 298 pessoas contra 158 no mesmo período em 2005. O Coronel Bizarria afirma que esse aumento no número de mortos apresentado neste ano deve-se à situação atípica por causa dos ataques do PCC, e que a polícia não cometeu assassinatos porque não houve a intenção de matar, "nosso objetivo não é matar e sim neutralizar a ação", afirma.

"Atualmente o quadro da PM é composto por aproximadamente 130 mil policiais, 80% desses estão dentro da média, ou seja, atuam de acordo com as regras da corporação, 17% estão acima e 3% estão fora da média", diz o coronel. De acordo com as contas do próprio coronel são 3.900 policias agindo fora das regras.

Ele afirma ainda que 420 PMs foram exonerados do cargo por causa da má atuação, "sempre defendemos todos os mecanismos de direitos humanos", quando comprovado o excesso do uso da força, desvio de função, estrutura ética e a não observação dos direitos individuais o policial é punido.

O Cremesp, Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, divulgou um relatório em que na época dos ataques dos 273 corpos que entraram, 132 apresentaram causas da morte relacionada a ferimentos por arma de fogo. Bizarria não reconhece o excesso das mortes e declara "a Polícia Militar trabalha nos efeitos e não nas causas", disse que eles têm a apuração rígida de todas as mortes e que os casos estão sendo acompanhados pelo Ministério Público.

Já a Secretaria de Segurança Pública informou que houve redução nos casos em homicídios, e que esse resultado deve-se por causa do aumento de policiamento nas regiões.

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